sexta-feira, 2 de março de 2012

Expedição em Catolés

Prezados leitores,

Durante a Expedição Catolés, realizada em 04 de setembro de 2011, houve o arrolamento de algumas edificações espalhadas no Catolés de baixo e de cima, sendo que uma importante edificação foi catalogada na povoação de Telha, como importante bem rural de valor histórico e importantíssimo para a preservação na localidade. Trata-se de uma daquelas típicas casas de fazenda ou de sítio que já enfatizamos sobre sua importância para as formas de ocupação e suas funções de moradia em outros acervos levantados. Os registros fotográficos, esboço de planta e medições do pé-direito, portas e janelas, preenchimento da ficha catalográfica e a pesquisa histórica, foram feitas por mim com auxílio do guia e morador local, João dos Santos.


O povoado de Catolés fica a cerca de 14km da sede e devido às suas condições climáticas e seus solos férteis com nascentes e brejos, desde o início do povoamento do município esta localidade já era habitada por índios que entraram em choque, possivelmente, com bandeirantes que atingiram a região de Contendas, próximo dali. É bom ressaltar que no domínio natural os seus lajedos chamaram a atenção, provocando o trânsito de pessoas nas imediações.  Já na segunda metade do século XIX e, no geral, seguindo a lógica do povoamento geral e efetivo em Macaúbas, o estabelecimento (reduzidíssimo) de algumas destas fazendas são tidas como aspecto conjuntural de ocupação humana.  Porém observa-se a forte influência dos afro-descendentes que irradiaram a partir da comunidade quilombola conhecida como Bomba.

Foi catalogada a antiga residência do sr. Joaquim Costa de Oliveira, um importante proprietário de terras. A sua condição econômica pode ser observada na imponência da edificação secular à época, porte construtivo avantajado em estilo vernacular, com sistema construtivo misto com técnicas de taipa de pilão para a amarração das paredes e com uso do adobe e grandes peças. Na fachada observa-se os cunhais com motivos decorativos. As paredes em caiação e suas saliências em forma de lombada são visíveis, vendo os maneirismos locais. Telhado de duas águas e o beiral em cachorrada, uma característica da arquitetura popular do período colonial, conforme estudos de Lúcio Costa em “Documentação Necessária” quando empreende pesquisas sobre a arquitetura genuína no Brasil. Com todas as guarnições em verga reta, esta fazenda infelizmente encontra-se abandonada e em péssimo estado de conservação, já denotando um arruinamento, segundo a srª. Inês da Silva Bomfim, filha do proprietário, onde realizou-se o badalado casamento de Bárbara Costa de Oliveira pelo padre Francisco, na capela anexa da fazenda.

Outras edificações foram registradas como a casa de Terezinha Maria da Silva, entre outras, num total de cinco edificações com as mesmas características, conforme levantamento fotográfico a seguir.

Quanto ao patrimônio móvel não há bens, mas chamamos a atenção para os oratórios cujos nichos são em forma de capela de madeira, onde eram depositadas as imagens sacras localizados na sala de jantar. Estes oratórios são decorados com relevos florais. Ainda destaca-se o pavimento da capela dedicada ao culto de Santo Antônio.

Sabe-se que muitas casas-de-sítio do sertão baiano, no passado serviam, além da função residencial familiar, como importantes e interessantes pontos de apoio para a população, servindo como pousada, realização de missas, casamentos e batizados. Daí observa-se uma capela anexa por justamente não existir capelas de culto religioso nas redondezas. Destaca-se também como pontos de escoamento de produtos agrícolas.

Mais detalhes do sistema construtivo, materiais e história, serão incluídos na futura publicação.


 
- José Antônio de Sousa -
::::::::: COORDENADOR :::::::::

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