quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Expedição em Juazeiro

Prezados leitores,

Dando continuidade aos informes sobre as expedições, hoje o texto resume as características gerais da pesquisa realizada na expedição ao povoado de Juazeiro, onde houve apenas o arrolamento da antiga fazenda de Juazeiro, como sendo a única ocorrência de edificação rural de valor e interesse histórico para a preservação dos fins do século XIX. Os registros fotográficos, as medições e a pesquisa histórica foram feitas por mim em setembro de 2011. As informações orais foram repassadas por Hermelino Rocha e Bete Brandão, bisnetos do antigo proprietário, José Brandão Rocha Paes, então avô do Sr. Rosalvo Rocha Brandão.



Após percorrermos cerca de 14 km em meio a pequenos povoados, sem vestígios de edificações antigas e um tanto na iminência da desistência em procurar, finalmente entre a típica vegetação da caatinga, já toda castigada e acinzentada, avistamos a imponente edificação, em extenso terreno nas imediações do Pico da Cauã. Trata-se de uma típica casa de fazenda ou de sítio, muito recorrente no sertão baiano, conforme estudos de Gilberto Freyre.

Esta fazenda surgiu do desmembramento de terras ocorrido na família Rocha Brandão na segunda metade do século XIX, onde a família se dispersou com a divisão dos terrenos, indo povoar, além do Juazeiro, a região do Olho D’Água das Moças, Brejo do Capitão Porfírio Brandão, entre outros lugares. A documentação foi lavrada na antiga comarca do Urubu. O porte construtivo avantajado e o numero de portas e janelas, indicam a presença de uma grande família, com uma planta retangular de circulação com nove quartos, via de circulação sem bloqueio ligando a sala de visitas à sala de jantar, cozinha com dispensa, quarto de serviço voltado a produção de requeijão e armazenagens de alimentos e outros produtos de importância econômica para a sustentabilidade daquela fazenda, uma exigência a sobrevivência humana. Emociona-se o Sr. Hermelino Rocha ao descrever o imóvel. O quarto de serviço para produção de requeijão, ainda com estruturas, utensílios e tralhas conservadas juntos a outras atividades como a criação de gado.

Sabe-se que no passado, de uma maneira geral, estas casas de fazenda serviam, além da função residencial familiar, como importantes e interessantes pontos de apoio para a população, pouso, realização de missas, casamentos, batizados, etc. Daí observa-se um cruzeiro defronte a edificação, por justamente não existir capelas de culto religioso nas redondezas.

A fazenda passou por uma reforma recentemente, sendo substituídas as “telhas de coxa” de estilo colonial e parte da estrutura do telhado, assim como a pintura, porém, encontra-se bem conservada, pois não sofreu intervenções drásticas, à exceção da construção de um galpão agrícola na lateral. Mas detalhes do sistema construtivo, materiais e história serão incluídos na futura publicação.

- José Antônio de Sousa –
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10 comentários:

  1. QUE emocionante ver a história do me meu Avô José Brandão Rocha Paes, ser contada e podendo ser acessada por várias pessoas em qualquer lugar do mundo!! Essa casa foi Onde passei minha infância brincando com meus primos... Muita história boa!! Essa casa foi passada para a família. Era do meu Avô paterno José Brandão Rocha Paes e Foi passada para meu avô materno Rosalvo Brandão. Infelizmente como foi dito as telhas de coxa, foram retiradas descaracterizando sua fachada original!! A verdade é que essa casa deveria ser tombada pelo patrimônio histórico para que nada pudesse ser modificada. Essa casa tem muita historia e precisa ser conservada!!!!

    Att. Bruno Paes

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    1. Bruno, o que voce sabe sobre o capitão Porfhirio José Brandão? meu pai é o Porfhirio Brandão Rocha Pães, eu sou Érico Rocha Brandão, moro em Marília,SP.

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    2. Olá, Érico! Sou Glorinha Brandão, filha do tio Rocha, lembra? Saudosos tempos do Juazeiro. Bruno é filho de Edgar, meu irmão.Muito bom encontrar você aqui. Grande abraço. Reconheceu a casa que foi de meu pai?

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    3. Nossa sou o tataraneto dele e ainda nem tenho Brandão no nome mas a neta dele está viva com 106 anos e pode contar um monte de histórias sobre ele

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  2. Concordo plenamente com o comentário postado por meu sobrinho Bruno Paes.Esta casa é uma preciosidade da arquitetura rural dos finais do século XIX; realmente a retirada das telhas de coxa foi lamentável, empobreceu o patrimônio... Apenas quem desconhece o valor histórico e a importância da preservação das raízes, do berço da família poderia perpetrar tamanha violência. Lamento muito! Nascemos e crescemos nesta casa, eu e meus irmãos: José Brandão Filho e Edgar Brandão.Amo e conheço cada detalhe dela e nunca concordei com as desfigurações ocorridas
    e , infelizmente, nada pude fazer; doeram-me na alma, pois meu pai, José Brandão da Rocha Paes,a construiu para ser o lar da sua família e lá vivemos uma vida muito feliz. Com sua morte, a propriedade foi vendida para seu sobrinho Rosalvo Brandão Rocha que passou a residir alí com a
    família até que faleceu em outubro de 2010.Quero louvar a iniciativa deste inventário arquitetônico de Macaúbas; preservar a nossa memória é da maior importância, isso eu o digo como filha desta terra e como educadora que sou. Parabéns ao Sr. José Antônio de Sousa. A título de esclarecimento: José Hermelino da Rocha e Maria Bete Brandão são bisnetos de José Antônio da Rocha Paes o qual é meu avô, pai de José Brandão da Rocha Paes, meu pai. Rosalvo Brandão Rocha é sobrinho de meu pai e neto de José Antônio da Rocha Paes. O Sr. José Antônio da Rocha Paes é genro do Capitão Phorfírio Brandão; foi casado com Amélia Brandão.
    Att.Mariglória Brandão Matos Rocha Paes de Andrade

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  3. Acerca do primeiro comentário somos gratos e realizar essas pequenas experiências no campo da historiografia em Macaúbas, sim, a estética das telhas coloniais é diferente e gera essas transformações. Afora as poucas descaracterizações não vemos risco em tal edificação naquela localidade em ser demolida. Ainda sim, infelizmente não se criou na mentalidade dos macaubenses o devir pela conservação de seus costumes.


    Vitória Monteiro, seja bem vinda ao blog, somos gratos, estamos abertos as contribuições nessa direção.

    Mariglória Brandão, obrigado pelas suas considerações aqui, das poucas alterações a residência até aquele momento estava bem conservada, pelo menos a parte mecânica. A intervenção projetual na prática do projeto de restauro arquiteônico deve procurar conciliar as os saberes e fazeres de uma época, faz parte. Sua informações acerca da história de sua família são interessantes, é a lógica do ser e existir da edificação. Muito prematuro nossas análises aqui, estas devem ser aprofundadas.

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    1. Estarei a sua disposição para quisquer esclarecimentos e contribuições que estejam ao nosso alcance. Novamente aproveito para louvar a iniciativa dos Srs. e Sras. A preservação da nossa memória é fundamental para a nossa identidade enquanto povo, nação, não é mesmo? Congratulações. Mariglória .

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  4. Prezada Mariglória, saudações!

    Sim, bem observado, a ideia de memória reflete em nossa identidade, a formação em grupo. Agradecido a sua disponibilidade para a pesquisa, a mesma continua sendo aprimorada. Peço por favor que nos escreva para inventariomacaubas@gmail. podemos enviar essa documentação e também necessitamos de informes.

    Att.
    José Antônio


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  5. Meu bisavô, Capitão Zeca, era muito religioso, foi o lider de uma festejo de São Sebastião durante décadas. Zanilda Barros Brandão (zaza.b.b@hotmail.com)

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  6. Digo, Capitão Zeca Brandão(José de Souza Brandão) que deixou Macaúbas por causa de grande seca nos anos oitocentos. Se instalando no município de Correntina -BA

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