quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Expedição em Açúde

Prezados leitores,

A expedição ao povoado de Açúde ocorreu no dia 11 de Março de 2011, onde procedemos na catalogação de algumas edificações de interesse histórico e que estavam ainda preservadas, assim como ocorreu nas demais expedições. Com fotos de Lucas Figueiredo Baisch e a pesquisa histórica por mim, contamos com as informações orais fundamentais, como da senhora Maria de Lurdes Rocha, uma das moradoras mais antigas do povoado.

A antiga povoação do Açúde reporta ao início do século XX e chamava-se "Saco Grande", uma típica comunidade sertaneja minúscula e com baixa densidade populacional. Localizava-se no entorno do grande açude construído em 1932, a poucos metros da entrada da Rua do Escritório, em alusão ao escritório da antiga DNOCS – Departamento Nacional Contra Secas, hoje CODEVASF – Companhia do Vales do São Francisco e Parnaíba. O sertão estava sendo assolado pela seca na época, causando um grande impacto e a um processo de pauperização, o que levou à intervenção do governo federal. Conta a moradora Maria de Lurdes Rocha, com seus oitenta e poucos anos: “Eu conheci o açude quando só tinha três casas, lá no escritório”. Depois da construção do açude, muitos trabalhadores permaneceram no local, conta ela.

No Açude, percorremos o perímetro urbano imediato da Praça do Mercado, onde pode ser visto certa harmonia do singelo conjunto, erigido paulatinamente depois da construção do açude. Não foi possível proceder no levantamento arquitetônico do que seria a primeira casa da Praça do Mercado, por estar fechada naquele momento. A casa, de médio porte, é conhecida como “casa de cereais” na região, ou seja, uma antiga venda que pertencia a Abílio (do Pajeú) e hoje, de propriedade de Antônio Alves Propércio. Ademais, o levantamento de dados concentrou-se nas fotos e fichas cadastrais, onde inventariamos as seguintes edificações: casa de Joaquim José Vieira, José Bernades Vieira, casa de Agenor Antônio de Oliveira e Maria de Lurdes Rocha, todas elas vernaculares.

O inventário como sendo um poderoso instrumento para se conhecer uma realidade local, no caso aqui as edificações, acaba por abrir interpretações e diagnósticos da dinâmica cultural e sócio-econômica do lugar. Daí percebe-se a extinção da festa do peixe, pois ainda é uma comunidade de pescadores, assim como o abandono e ruínas do escritório, do qual poderia ter sido conservado e readaptado para uma atividade econômica ligada à piscicultura ou mesmo de caráter cultural, como um memorial sobre o universo do pescador com artesanato local, dentre outras possibilidades.

- José Antônio de Sousa –
::::::::: COORDENADOR :::::::::

-----------------------------------------------------------------------------------------------























-----------------------------------------------------------------------------------------------

Nenhum comentário:

Postar um comentário